Any casual visitor to museums in Britain would assume that disabled people occupied a specific range of roles in the nation’s history. The absence of disabled people as creators of arts, in images and in artefacts, and their presence in selected works reinforcing cultural inclusion stereotypes, conspire to present narrow perspective of the existence of disabled people? In my opinion it is time that museums were more proactive in looking for what their collections hold, digging out the information buried in the footnotes and re-instating the identity of the celebrated and ordinary disabled people in their purview. Disabled people should be brought into the museum and supported in understanding where they existed in the past, to reinforce their right to belong in the present. Non-disabled people should be informed, through clear factual labelling and positive images, to see disabled people as having always been there – and often to societies benefit (Dodd e Sandell, 2001:33).
O papel social dos museus tem-se apresentado como uma crescente preocupação por parte dos profissionais e das instituições museológicas, constituindo um novo desafio, resultante do alargamento do conceito de públicos, dos programas dos serviços educativos, da renovação dos projectos museológicos e discursos museográficos assim como da disposição arquitectónica dos espaços e edifícios. Gilles Grandjean (Fondation, 1991:101-106) afirma que os museus têm de compreender a natureza insubstituível do seu papel e do seu imenso potencial na possibilidade de oferecer satisfação aos públicos com deficiência. Sem dúvida, estas questões obrigam a que uma nova visão museológica se cruze, inevitavelmente, com a questão da revitalização do conceito de museu, que passa em grande parte pela sua difusão “além paredes”.
Os museus ocupam um lugar paradoxal na cultura. Para que servem? Qual o seu objectivo na sociedade contemporânea? Nos últimos anos tem-se assistido a uma busca incessante pelo aumento de públicos. Ainda assim, os museus continuam a falhar no incremento do número de visitantes, principalmente na atracção de minorias e na competição com outros espaços de lazer. Estas questões obrigam os profissionais de museus e pensar menos na conservação e mais nas missões dos serviços de educação e dos próprios museus. A função social dos museus tem potencial e competências para desempenhar funções sociais. Coleccionar, preservar e expôr não poderão ser um fim em si, mas um meio de desempenhar um papel social, facilitando o acesso à cultura.
Nascido da sociedade ocidental, o Museu afirmou-se como uma criação cultural urbana cuja função e importância é desde sempre interrogada, paralelamente à sua progressiva afirmação de lugar de cultura, de conhecimento, de ilusão e de metáfora do mundo, de ressonância de poder (…) O Museu oferece-se como um campo de representação onde é possível constatar, analisar e reflectir sobre questões que atravessam verticalmente a sociedade contemporânea (Guimarães, 2004:17-18).
Desde 1980, assiste-se a uma mudança de natureza e de conceito, a uma maior harmonia entre a teoria social e as práticas museológicas (Macdonald, 1996). O Museu actual assume vários papéis: lazer, educacional, cultural, social. É um símbolo da comunidade, com um estatuto legitimador e possuidor de características dinâmicas. Os Museus, em conjunto com a antropologia e a sociologia, colaboram na formação da modernidade. Pode e deve ser entendido como um local onde o mundo é realidade, ganhando, desta forma, importância no contexto do desenvolvimento, em termos de afirmação de identidade cultural e de manifestação do seu potencial educativo (Prösler, 1996). Não é, igualmente, novidade para estas instituições, a necessidade de mudança, à qual têm sido expostos, no decorrer das últimas décadas, ao nível da sua organização, gestão, recursos ou actividades (Sandell, 2002:46-47).
A nova visão museológica preocupa-se com os públicos e planeia a sua projecção social. Envolve-se em filosofias democráticas, prevenindo-se contra o escrutínio do público e desenvolve estratégias de marketing, de forma a alterar as tendências, em prol das necessidades das diversas audiências, cada vez mais exigentes e conscientes dos seus direitos enquanto público cultural. Cabe aos museus conseguir comunicar com todos os seus públicos, de forma correcta e assídua. Tal como Eilean Hooper-Greenhill (2005) verbaliza, os museus têm de comunicar ou acabarão por enfrentar a sua própria “morte”.
Estabeleceu-se a oposição entre “nós” e “outro”, sendo o primeiro referente ao visitante-tipo e o segundo a todos os que não se enquadram nesse conceito.
A estrutura mental do “outro” faz parte da sociedade desde os primórdios da civilização. É um conceito criado a partir da negação. Ou seja, o “outro” é aquele que não é “nós” (aquele que não é branco; que não é católico; que não é europeu; que não é saudável, que não é fisicamente perfeito…). Por outro lado, a noção de “nós” nasceu, igualmente, com a construção de um sistema cronológico que suporta a “nossa visão de nós próprios”, (Hooper-Greenhill, 1997:29): Nós / Outro; Cristão / Pagão; Clássico / Bárbaro; Homem / Mulher; Branco / Negro; Razão / Magia; Conhecimento / Ignorância; Moralidade / Imoralidade; Progresso / Estático e Cultura / Natureza.
Quando se transporta essa percepção para a vida social e cultural, aplica-se-lhe uma compreensão ética e criam-se áreas especiais para grupos de pessoas específicos. Desta forma, a noção de acessibilidade está presente, independentemente de ter uma aplicabilidade correcta, ou, pelo contrário, de estimular, ainda mais, a exclusão através da promoção do preconceito, da xenofobia, do racismo e da discriminação que elevaram barreiras culturais intransponíveis nestes micro-ambientes que são os museus e outros centros de arte (Agyeman e Kinsman, 1997).
Os museus têm o dever social de articular a cultura com todas as pessoas, inclusive com os “outros”, combatendo o monocentrismo instalado que nega a pluralidade, eliminando o medo pelo desconhecido com a noção de que não existem audiências passivas. Estas, como já se referiu, são diversificadas e autoritárias, no que concerne a aplicação e valência dos seus direitos, enquanto membros de uma sociedade activa e multicultural. Os museus, especialmente os que usufruem de fundos públicos, devem ser relevantes para todos os membros da sociedade, para todos os que contribuem para a continuação do seu funcionamento. Os museus devem estabelecer os seus objectivos em consonância com as necessidades de todos os indivíduos, devendo dar primazia aos objectivos sociais e não aos culturais (Dodd e Sandell, 2001).
Neste seguimento, os profissionais de museus já tomaram consciência que os museus têm de ter relevância de forma a cativarem as populações diversificadas. É imperativo estarem atentos às necessidades das comunidades. Para isso, é necessário estabelecer contacto, envolver e atrair novos públicos. É fundamental tornar o museu acessível, física e intelectualmente, e encorajar as novas práticas museológicas.
A distinção entre os vários públicos dos museus deve ser estabelecida. Os museus devem tomar em conta aspectos que os ligam a cada um desses públicos, como um todo. Não deve, no entanto, procurar elos de ligação com as características do indivíduo em particular. Merriman estabelece cinco tipos de visitantes de Museus: os que o museu já conquistou e mantém, as pessoas que normalmente não visitam museus, os alunos e professores (público escolar), os turistas e os profissionais de museus. Já Hargreaves subdivide os públicos em três simples categorias: os frequentes (pelo menos três visitas/ano), os ocasionais (duas ou menos visitas/ano) e os não participantes.
Hargreaves estabelece ainda seis parâmetros que devem ser considerados para cativar e manter esses mesmos públicos. Segundo este pensador, são estes os motivos que levam um adulto a visitar um museu, sendo eles: a interacção social, ir ao museu para estar / conviver com as pessoas; para fazer qualquer coisa que “valha a pena”; para se sentir confortável; para ter uma nova experiência / desafio; para ter a oportunidade de aprender algo novo ou, simplesmente, por participação activa; acrescenta ainda que se resolveriam muitos problemas de audiência “ se reconhecêssemos que os participantes ocasionais e os não participantes procuram experiências e recompensas diferentes daquelas que actualmente encontram nos museus. Se os queremos a adorar museus, temos de lhes oferecer alguns dos valores que para eles são importantes, em programas que vão de encontro com algumas das suas necessidades, enquanto se continua a providenciar o que os visitantes frequentes já acham satisfatório e recompensador” .
Igualmente, na sua perspectiva, existem, grupos sub-representados, encontrando-se em primeiro lugar, de forma destacada, o grupo constituído pelas pessoas com deficiência. Tal como refere, it is impossible to underestimate the importance of addressing the needs of people with disabilities as part of mainstream gallery position (Hooper-Greenhill, 1997:191), seguidas pelos jovens entre os 13 e os 23 anos, os negros e minorias étnicas e, por último, os grupos familiares, idosos, mulheres e estudantes (Hooper-Greenhill, 1997).
Os museus têm um importante papel para a “união” social promovendo o aumento da auto-estima, tanto a nível individual como colectivo, enquadrando os seus visitantes enquanto membros de uma sociedade. No entanto, para isso, necessitam obrigatoriamente de se envolver com os públicos que pretendem alcançar, precisam de entender os seus objectivos e aspirações, criando práticas culturais inclusivas. Se assim não for, correm sérios riscos de se converterem socialmente em locais “negativos”, ajudando, desta forma, à promoção da marginalização. Apesar da alteração de atitudes em relação ao papel social e às responsabilidades que os museus devem ter, muitos museus continuam a manter uma actividade centrada nas suas colecções, na gestão e criação das mesmas. Essa atitude pode e deve ser mantida, no entanto, é imprescindível que o museu mantenha um “pé no passado”, mas consiga, igualmente, colocar um “olho no futuro”.
Os museus têm a responsabilidade social de atrair audiências, qualquer que seja o seu background, no entanto, muitos profissionais de museus não estão bem cientes do significado que acopla a diversidade cultural e dos desafios e oportunidades que estas diversidades podem trazer aos museus (Dodd e Sandell, 2001:103).
Tal como se referiu, os museus para além do papel educativo e cultural têm ainda uma grande responsabilidade social, devendo ser completamente integradores para que os visitantes com deficiência possam usufruir ao máximo da exposição e da sua interpretação. Desde muito cedo que o Disability Discrimination Act (DDA), proibiu a prestação de qualquer serviço que fuja da razoabilidade na dificuldade do seu uso. “Museums, as service providers, must therefore take reasonable steps to change any policy, practice, procedure or physical layout which makes it impossible or difficult for a disabled person to use the service, and must provide auxiliary aids to make the service easier to use” (Nolan, 1997:1).
Da mesma forma, a preocupação pela inclusão deve abranger vários sectores e não apenas as barreiras físicas. Estas são fundamentais mas não são as únicas que podem levar ao afastamento de públicos. E, também, devem ser considerados todos os tipos de deficiência, e não, apenas, a “tradicional” cadeira-de-rodas, ainda que exista a deficiência física, esta não implica obrigatoriamente que seja referente aos membros inferiores.
A deficiência é muito mais abrangente do que tradicionalmente se considera, quando se encara a eliminação de barreiras e a inclusão de públicos com necessidades especiais. As barreiras de comunicação são tão frustrantes como as físicas, já para não se falar nas barreiras sociais e de preconceitos.
quinta-feira, 26 de março de 2009
O paradigma na construção de novas missões museológicas
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