terça-feira, 8 de setembro de 2009

Inclusão pela Arte - Entrevista com a Directora do Instituto Olga Kos



A arte é um valioso agente de inclusão social. Por meio dela, muitas pessoas com deficiência conseguem expressar seus sentimentos, exteriorizar suas emoções, além de por em pratica a sua criatividade. E é com o objetivo de promover estímulo à criatividade e auxiliar na parte motora de pessoas com e sem deficiência intelectual que o Instituto Olga Kos de Inclusão Cultural, em parceria com a Casa de Cultura de Santo Amaro, desenvolveu e está oferecendo aulas gratuitas de desenho e pintura nas Oficinas de Arte.

De acordo com a diretora operacional do Instituto Olga Kos, Maisa Signor, essa é a primeira vez que as Oficinas de Arte - que fazem parte do projeto "Pintou a Síndrome do Respeito", o qual foi criado pelo Instituto - serão ministradas em uma entidade pertencente ao poder público, no caso, a Secretaria Municipal de Cultura. Até então, as Oficinas eram realizadas exclusivamente em instituições especializadas no atendimento às pessoas com deficiências.

Na entrevista a seguir, Maisa fala sobre o trabalho que o Instituto Olga Kos tem realizado através do projeto "Pintou a Síndrome do Respeito" e de outros projetos criados também com o objetivo de contribuir com a inclusão social de pessoas com deficiência intelectual e destaca a importância da parceria com um órgão do governo.

Quando e com qual objetivo o Instituto Olga Kos foi criado?
El foi fundado em 2007 com o objetivo de resgatar e repassar para a população, a diversidade cultural e artística de nosso país, ampliando o acesso à cultura, principalmente para as pessoas com deficiência intelectual, favorecendo assim a sua inclusão.

Quantas pessoas com deficiência intelectual já foram e são atendidas pelo Instituto?
O programa "Pintou a Síndrome do Respeito" teve início com apenas 18 participantes e hoje são atendidos mais de 260 jovens, somando as oficinas de arte e os esportes.

Quais são os outros projetos que o Olga Kos oferece?
Além do "Pintou a Síndrome do Respeito", que se constitui em uma série de oficinas de arte para este público, divididas em módulos específicos de participação dos artistas plásticos contemplados com os livros de arte, temos também o Resgatando Cultura, uma série de livros de arte contemporâneos sobre a vida e obra de artistas plásticos nacionais e em atividade, que participam diretamente das aulas de artes plásticas para os jovens com deficiência intelectual. Promovemos também a inclusão por meio do esporte como aulas de Karatê para pessoas com deficiência intelectual realizadas em academia conceituada no bairro do Ipiranga em SP. E o Taekwondo com aulas realizadas em academia de artes marciais tradicional do município de Diadema, na região do Grande ABCD, em SP. Além destes dois principais eixos de atuação, o Instituto articula ainda redes de apoio para geração de renda e inclusão no mercado de trabalho, tendo como exemplo mais recente, a realização do I Concurso Público Nacional adaptado para pessoas com deficiência intelectual, em parceria com o CRECI de São Paulo.

Como e por quem esses projetos são elaborados?
Os projetos são elaborados pela equipe do Instituto Olga Kos, e em sua maioria viabilizados pelas leis de incentivo fiscal, como a Lei Rouanet de Incentivo à Cultura e a Lei de Incentivo ao Esporte.

Como as pessoas podem participar desses projetos?
Os interessados podem procurar o Instituto Olga Kos por meio do site www.institutoolgakos.org.br, do e-mail contato@institutoolgakos.org.br ou ainda pelo telefone (11) 3081-9300 e inscrever-se em um dos programas, de acordo com a região de sua residência. As oficinas de arte do programa "Pintou a Síndrome do Respeito" acontecem atualmente em nove diferentes instituições parceiras.

Todas as oficinas de arte são oferecidas gratuitamente?
Sim, as oficinas são 100% gratuitas.

Como o atendimento com as oficinas do projeto Pintou a Síndrome do Respeito está dividido?
Nas instituições especializadas no atendimento à pessoa com deficiência intelectual, prioriza-se o atendimento aos jovens já matriculados nestas instituições, sendo abertos apenas 10% das vagas para o público externo. Já na Casa de Cultura de Santo Amaro, 100% das vagas são para a comunidade do entorno, tendo ainda a participação de pessoas sem deficiência.

E como se dá no programa de inclusão pelo o esporte?
No programa de inclusão pelo esporte, as inscrições para o Karatê e Taekwondo podem ser feitas pelos contatos do Instituto Olga Kos ou ainda diretamente nas academias credenciadas.

Qual a importância de as oficinas de arte serem ministradas pela primeira vez em parceria com uma entidade pertencente ao poder público?
Acreditamos ser esta a tendência do movimento de inclusão no Brasil: a desinstitucionalização da pessoa com deficiência intelectual. A proposta do Instituto Olga Kos é determinar oportunidades e acessibilidade em ambientes não "deficientes", por exemplo, os equipamentos públicos, da comunidade, freqüentados por pessoas comuns e sem deficiência.

Como a arte pode contribuir para a inclusão de pessoas com deficiência intelectual na sociedade?
Sabemos que atividades manuais, principalmente na área de artes, contribuem efetivamente para o desenvolvimento motor e intelectual de jovens e crianças, com ou sem deficiência intelectual. A atividade artística proporciona uma oportunidade de experienciar outra forma de expressão, que não a verbal, por meio da qual esses jovens e crianças podem mostrar seu conteúdo e sua capacidade. Essa capacidade muitas vezes não aparece em atividades rotineiras, mas pode aparecer na produção artística. A ampliação da possibilidade de auto-expressão possibilita às pessoas com D.I. a experiência prazerosa de auto-realização, pois o resultado da atividade é uma obra de arte, na qual ela pode constatar sua "produção". Nossas oficinas apresentam um extenso conjunto de atividades para as mais diversas faixas etárias, que atende a variados interesses. Baseando-se no princípio do interesse cultural central de cada atividade, nota-se a importância do acesso do público participante a essa prática social que influencia o desenvolvimento pessoal dos indivíduos, trazendo benefícios aos três níveis de desenvolvimento: biológico, psicológico e pessoal. A vivência desses conteúdos no tempo disponível possibilita: a exercitação do corpo, da imaginação, do raciocínio, da habilidade manual, além de estimular o relacionamento social.

Como você analisa o trabalho que o Instituto tem realizado para contribuir com a inclusão social?
Nestes dois anos de atividade, acreditamos que o IOK tenha ultrapassado a proposta de um trabalho apenas social, educativo ou cultural. Trata-se hoje de uma mobilização social para preencher a escassez de políticas públicas voltadas para a questão da inclusão de pessoas com deficiência intelectual no país. Espera-se continuar favorecendo ações comunitárias com o estímulo adequado à vivência em coletividade, a solidariedade e o respeito às diferenças na perspectiva da superação do individualismo, promovendo possibilidades para que os próprios atendidos possam juntos apropriar-se dos espaços sociais, como autores de suas histórias de vida e das transformações nos territórios a que pertencem.


Fonte: http://sentidos.uol.com.br

1 comentário:

  1. ola ..estou fazendo o esboço do meu tcc sobre este assunto ,seu blog tem me deixado alucinada pelo assunto

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